Ouça a maravilha da música,
Som poderoso e tão majestoso,
Lhe sendo o tom de metafísica,
Que se torna então gracioso,
Impregna minha imaginação,
Volta-se a ser tão bela,
Como que tateia coração,
Mais sincera que da tela,
Nem pintura a descreveria,
Da palavra a lhe parecer,
Nítido encanto que deveria,
Mas do sentido entorpecer,
Tão aguda a soar grave,
Evoluindo a se misturar,
De melodia o encrave,
Traço sutil a captar,
Acompanhada pela cantoria,
A multidão a individuo único,
De delicado lábio a maestria,
A abençoar a ecumênico,
Voz doce e infantil a envelhecida,
A ecoar da língua antiga,
Da harpa a corda bem enrijecida,
A soar ao ouvido coisa meiga,
Ah!
Longas são as combinações,
Harmônicas a dissonantes ouvir,
A me gerar tais emoções,
Do deleite o ser a esculpir,
Tão rápidas e agudas,
A nos parecerem tantas vozes,
Tão visíveis a miúdas,
Como das pinturas as matizes,
Oh!
Nela que se aperfeiçoa silêncio,
De um pequeno instante o encanto,
No belo lhe ser o corpo artificio,
Como do sagrado o cobrir manto.