sexta-feira, 22 de março de 2019

Ao Professor.



Tão imenso e estrondoso é meu choro, nem os condenados que afogam-se no Estige, superariam meu padecer. Pois um filho de Quiron, professor e mestre se fora para além, onde nem em Índia ou China, poderia o buscar, muito além deste revoltoso mar que barqueiros se caíram em horrorosos naufrágios e suas vozes tomadas pelas águas.
Quando este se veio a mim, eu por sempre estar sendo podado e cortado em meu imaginar e nas pífias imaginações de solene menino que eu era, fui revelado o padecer da vida de tormentosa e angustiante responsabilidade.
Como o insolente e intrometido menino que do amar a filosofia e a história como ao deus que nunca o sacrifício tenha feito, sem imolar e perfurar o inocente de minha consciência, este desentendido novilho que caminha agora iniciado, tomado por sacerdote a queimar em Sagrado altar e o vapor ser perfumado as narinas da ditosa Sabedoria. Sou e fui o novilho que fugirá para desconhecido deserto a rochoso altar sacrificado.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Madame Bovary.




Lendo o seu livrinho a sonhar,
Encantos e maravilhas no imaginar,
No cotidiano a pestilência da morbidez,
Encontrando em tudo tal mesquinhez,
Aprisionada a correntes no cotidiano,
Mesmo o adultério ser tão mundano,
A história que levanta questionamento,
Da vida em sociedade o tormento,
Sofrendo do papel que se espera,
Tão emocionante frustração que se estrela,
Em todo o lugar nasce o frustar,
Mesmo de quem deve-se o amar.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Ouvindo a Calíope.



A lua no agora lamenta no sussurro,
Os ventos em violência ouve-se o urro,
Das flores que agora desabrocham,
Relâmpagos então entoam,
No murmúrio das águas,
No farfalhar das fagulhas,
Ouço a tua voz,
Vindo para todos nós,
Falando de algo inaudível,
Até na palavra ser indescritível,
Dos infinitos desertos a ouvir,
Nestas extensas florestas vou intuir,
Percorrendo a tudo em eterno silêncio,
Me ver buscar a ti no ócio,
Sem de mim mesmo notar sofrimento,
Embriagado do meu ser no momento,
Nas altas ondas o salgado espumar,
Na luz do Sol vem o chorar.

Enquanto procurava a imagem acima, deparo-me com esta linda foto. Sinto que deveria por junto. Eis aqui! Caso não tenha pegado, ela é a Calíope da animação da Disney do Hércules.

sábado, 9 de março de 2019

A Dança da Shakti.



Olhe tu que sempre move,
O som de tuas infinitas jóias se ouve,
Rodopiando na dança majestosa,
De tua habilidade gloriosa,
Do teu corpo gera infinita vida,
Mundos e Universos contigo quem lida?,
Em eterna sedução à Shiva,
Dos teus perfumes o mover exala,
Por teu ventre tudo nasce,
Nascendo do teu infinito êxtase,
Do teu toque em criatura,
Não sendo contida na figura,
A que mantém toda à Maya,
Tua irá pior que ataque de Naja,
Toda mulher manifesta teu poder,
Difícil a ti os corpos não ceder,
No amor à donzela a ti me conduzo,
Em tua inacreditável beleza me curvo,
A encontrando em toda figura feminina,
Carregando a ti dentro em estrela vespertina.

quinta-feira, 7 de março de 2019

Enkidu e Shamhat.


Donzela que mente animal civiliza,
Enkidu transforma-se pela sacerdotisa,
Pela arte de seu amor em alguém civilizado,
Do pleno animal em educado,
Engana-se no acreditar que isto hoje não nos fala,
Pois quem dentre nós não tem algo animal na alma,
Nesta sacerdotisa de Ishtar,
Por sua arte vai educar,
Ela que é uma prostituta da deusa,
Entendimento de antes era diferente de hoje se usa,
Das que no hoje sofrem segregação,
Antigamente à Humanidade fez contribuição,
A história ser tão engraçada,
Vemos tantas das percepções reformadas,
Aquilo pelo prazer fora ofício sagrado,
No entender de hoje ser degenerado,
Voltando ao intrínseco tema,
Veja pela história o trema,
A sedutora ao elevado,
Que do feminino foi retirado,
Como Enkidu conduzido à civilização,
Trabalhado da mente e coração,
A cumprir filosófico destino,
Amenizado na dor de nossos hinos,
Gilgamesh no futuro perceber,
Que tudo leva ao morrer,
Pois à Shamhat Enkidu foi levado,
Em seu destino fora atado.

A Romper à Casca.



Tamanha da alma melancolia,
Angel's Egg à te entender outros recorreria,
Como os grandes peixes as sombras,
Percorrendo à cidade jogadas as lanças,
Menina vazia carregando o ovo,
Do carregar perder a forma ter seu renovo,
Baleias assombrosas a lhe atormentar,
Algo não fisgado a reclamar,
Sozinha por tanto lugar à percorrer,
Como em si tendo forma à manter,
Tua narrativa de tédio a apadecer,
Tema religioso que de si vem morrer,
Símbolos e metáforas tão vazios,
De teu feitor problemas tão nítidos,
Na destruída forma o perseguir à cair ao vertical,
Água profunda refletir fim clerical,
No findar multiplica o legado,
Que acredito do autor ser recado,
O do rapaz o final do destino consumação,
Visão que sei pouco parecer noção.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Ouvir à Hobbes.



Olho ao redor neste dia,
O vejo por aí quem diria,
Teu pensamento não conheceu ou entendeu,
A quem muito atrás morreu,
Muitos sem saber falam de teu Leviatã,
Poder repressor tão vil como Satã,
A sociedade se ajeitar por violência,
Problema muito maior que isto a cobrar consciência,
Entendo que isto de conflito civil surgiu,
E em sua mente intuiu,
Comparou Rousseau disciplina de pastor e gado em crítica,
Mas Hobbes diz que o homem é lobo do homem foi a réplica,
De monarquia isto veio surgir,
Hoje certos poderosos a política assim a vão vestir.

terça-feira, 5 de março de 2019

A Sagrada Guerra.





De um lado minhas tantas paixões,
Do outro minhas virtuosas convicções,
E eu no meio a decidir,
Por quem a espada irei brandir,
Da virtude atacar por desejo mortal,
Atacar desejo na conquista do celestial,
Quem eu irei escolher?,
Pois dos dois lados irei morrer,
Me embriagar do humano coração?,
Ou ao divino em eterna adoração?,
Até quando os exércitos da indecisão suportarão?,
Pois sem mim não mudará situação,
Desta guerra sou supremo senhor,
Hoje e para sempre tenho que me impor,
Neste tormento o divino me alerta,
Em sussuros dizendo: "Desperta!",
Tomar o direito de plenamente viver,
Ou agora e para sempre me esquecer.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Adorada das Bruxas.



A que manifesta toda mulher,
Donzela, mãe e anciã à lua aparecer,
Lua nova, crescente, cheia e minguante,
Sempre a encontrar não importa onde ande,
Numa encruzilhada chegará,
No bom ou mau trajeto ela decidirá,
Da Grécia tentam resgata-la,
Na antiga importância restaura-la,
Aquela que do Hades sabe o caminho,
Dos de cá e lá trafega por domínio,
A sabedoria dos mortos parentes,
As palavras de consolo aos amados entes,
Isto tão belo transformado em amarração,
Da ilusão em apaixonado coração,
A que morava no núcleo da casa,
Rebaixada à ilusões de massa.

domingo, 3 de março de 2019

Como à Sun Wukong.



Caminhando como o rei macaco de China à Índia, ouvindo o saber de mestre que também do saber de Buda busca. A todo demônio e ser divino que se vê, ilumina-me e de suas histórias amadureço. Toda trajetória é como uma vida inteira, de ser ignorante ao sábio no findar.

Como das estações o ciclo, no dia passo como da China à Índia, ali junto Xuanzang e Sun Wukong, num dia chego a ouvir o Imperador de Jade alertar, no outro batalho contra os Ashuras e por vezes encontro os discípulos de Buda onde nem espero.
Percorrendo as estradas me ensinam as palavras de Confúcio, alguns iogues me falam de Krishna e assim vou caminhando, até trazer para cá os escritos de Buda.

Oh Remador!



No brasão de teu escudo, na luz de Rá que lhe cai do firmamento, reflete-se o símbolo do deus em teu barco, mas tu louva apenas dele o desenho.

 Oh remador, enquanto canta à Osíris, movendo-se com a força de teu braço no negro Nilo.

Olha para dentro do teu barco, o deus que em sussuros o chama.

Pois o deus lhe chama pelo verdadeiro nome, o nome esquecido de tua alma, este nome é mais sagrado que dos deuses e maior que de todos os mistérios.

Ouça-o em meio aos suspiros das águas, os cantos do ventos, do sopro de Seth a erguer as areias no deserto.

Ouve a sutil voz que em tudo mistura-se e perde-se no murmúrio do mundo

sábado, 2 de março de 2019

Canto à Afrodite.



Do teu toque todos carecem,
E do toque do lábio desejem,
O teu carinho é completo prazer,
A tua ira é muito pior que o sofrer,
Donzela divina a surgir,
Sua essência venho intuir,
Espírito a penetrar água espumosa,
Da pérola espuma figura virtuosa,
No prazer do casal é manifestada,
Nos doces suspiros e delícias é apreciada,
Sempre o coração lhe deseja,
A convida e espera que esteja,
Rapazes e moças a buscam,
Na tua partida sempre choram,
Em favor lhe roga,
Tu deles o coração prova.

Canto à Gaia.



A agora tão esquecida,
A todos conceber vida,
Flora, fauna, divino e hominal,
Deuses e homens lhe dar memorial,
Grande Matriarca Solitária,
Que do ventre tudo geraria,
Como então podem esquecer,
De quem sem nunca iriam nascer?,
Não percebem suas dores?,
Pois com ela cometemos horrores,
Não somos todos seus filhos e suas filhas?,
Por nosso ego cair nele em armadilha,
Quanto ainda terá paciência,
Esperando de nós nascer consciência?