domingo, 16 de dezembro de 2018

Os Amantes (Tarô).

Estou novamente perdido na emoção,
Dever e desejo se confrontam no interior,
Como dolorosa aos amantes é a decisão,
Ser de meu eu por algo que vejo ser inferior,

Negando realmente quem eu sou por isto,
Com dor manifesta-se a verdade a falar,
Virtude que fujo de modo que arrisco,
Por prazer que ouso por tão pouco me entregar,

Tudo isto que me dedico a entoar de meu ser,
Como dos monstros que na noite alimento,
Do oriente e ocidente me desmontando a ver,
De ambíguo significado revelo o momento,

Como a dois amores a me falarem aos ouvidos,
De meu eu que supero ou ao eu que acorrento,
Da escolha a me entregar a destinos providos,
Me entregar a uma das damas de doce acalento,

A dama que me ajuda a reconhecer quem sou,
Lembrando sempre do que posso eu ser então,
A outra que me leva a tudo que coração desejou,
Só me importando a sensação do sentir emoção,

Tormento é então tomar a esta decisão,
Escolher a eternidade ou então a vida,
Embora eu me negue desta precisão,
A enfim ter que colher flor florida,

Choro-me por ter nos olhos esta névoa,
De olhar desapontado na face a existir,
Das belas damas desejo ter então trégua,
De um pedaço de meu ser a se desistir. 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Odin à Vagar.



A olhar o brilho de olho retirado,
Luz mística de espírito divino,
Aquele que se assenta a local elevado,
Dos corvos voando no céu matutino,

Ele que caminha por entre videntes,
Embriagado de vinho sagrado,
A mover-se pelo destino a correntes,
Choram as almas do socorro aguardado,

Guerreiros que se movem a ele a clamar,
Entre sangue e vinho se passam os dias,
Dentre morte e cura constante o treinar,
De seus corvos que se têm a epifânia,

Inspirador de sacerdotes e poetas,
A nunca ir contra da lança o escrito,
De seus atos que se ecoam as proezas,
De si mesmo o destino possuir descrito.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Inquietação de Endubsar.

Ouvindo da boca de ser divino,
A tragédia e dor que remonta,
De origem do conflito genuíno,
História dos deuses se monta,

Designo e sorte lançaram a nós,
Nascidos de intuito egoísta,
Da alma sem significado algoz,
De corpo traço possuir o arcaísta,

Das mãos de tantos mestres,
Construídos a tais funções,
Voltado a função terrestre,
A serem então dadas instruções,

Consciência assim produzida,
Implementada na ilusão,
De si mesmo que ele lida,
A salvação à poder na destruição,

Confuso e revoltoso o tão explorado,
Corpo fadado ao destino esquecido,
Caindo e chorando ser guardado,
Da identidade de si o destituído,

Aquele que em nós não acreditou,
Nos mutilou o espírito a tal loucura,
Sem sua dominação não significou,
De nosso desenvolver na procura,

E o que acreditou na nossa capacidade,
Conflito de irmãos a se existir,
Se entregou a nós por cumplicidade,
Nos dando a possibilidade de intuir,

Alguns a saltarem do destino,
Pelo brilhantismo fugirem,
Do potencial que se descortino,
Além do comum convergirem,

A verem então a verdade,
Coisa escondida ao olhar,
A buscarem com assiduidade,
Algo para então os guiar. 

domingo, 2 de dezembro de 2018

A Vagar Pelas Necrópoles.

Silêncio a mente por cada passo,
Do sopro da sabedoria ancestral, 
Do eu antigo que através nasço,
Erguendo da mente o memorial, 

Os choros e risos dos eus antigos, 
A se existirem tantos num único ser, 
Se aproximam como amigos e inimigos, 
A se surgir e desparecer a deus éter,

Deste fogo negro que tudo surge, 
Vindo do inconsciente oculto,
Do significado que tudo unge, 
A visão que me parece vulto,

Desdes as regiões da moral a ir,
No sagrado ser tão dúbio, 
Dos pântanos do instinto a subir, 
Tudo a soar como o pio, 

Vozes das emocionadas,
Alma de ser humano, 
Os tons de professadas, 
Do ser tão estranho.