Oh Apolo!
Oh Atena!
Oh Afrodite!
Oh Calíope!
Ajudem-me, conduzindo minhas palavras, não errando e nem mesmo ferindo o pensamento de ser nenhum.
A arte esta sendo conduzida pelo coração de seus feitores, onde embriagados de seus sentimentos e crenças, a inundam, dando forma a ela, lhe impregnando como a entendem, desejosos de seus sentimentos a embelezarem e lhe dão partes de sua alma. Carregam-na de seus conflitos, defeitos e virtudes, tornando-a impar e por outras vezes par, cheia de melodia e tons, mas tudo isto, origina-se pelos sons ou ruídos de seus corações.
Existem os que a entendem, exaltando-na como os antigos, mais bela que o possível, um cântico gigantesco, a beleza sendo mais bela que o natural, suas feições mais delicadas que o entendível, esta exaltação, exprime em tons de frustrações e lamentações uma desilusão. Como os poetas que escrevem grandes belezas sobre o amor, mesmo nunca tendo amado ou sido amado, mostram a idealização, este ponto de sonho, cheio de decepções, tristezas e dor. Mas encontram nos belos gracejos que exprimem, na linguagem possuindo uma intonação como cânticos, melodias e harmonias, palavras tão belas, uma forma de respiro, de aconchego e de escapismo em tormentos pela superestima que dão a dona Arte.
Enquanto existem outros que a exprimem, pelo modo como a enxergam, sentimentos tão corriqueiros e tão conflitantes, mas superficiais, cheios de ilusões e preconceitos. Formas de prazeres e dores que se mesclam, seus rostos cheios de confusão, somente possuem o entendimento de estarem o sentindo, expressando em meio aos turbilhões de sons, melodias e canções as sensações e emoções, mergulhando em seus próprios corações mais voltas e voltas. Dão eles a dona Arte um movimento continuo, mas superficial e muito sensível com um corpo muito ferido por tantas voltas.
Aos que se entregam a simplicidade do natural, suas curvas e tons, não possuindo qualquer diminuição ou aumento de qualquer beleza, nem mesmo qualquer movimento, tendem a gerar uma forma simples, sem paixões e também sem alma. Tão povoado pelo silêncio e pelo que suspeitam ser o equilíbrio, permanecendo, tendendo e pouco mudando, dão a bela dona Arte uma aparência muito esquecível e confortável.
E aos que a vestem com os extremos de seus sentimentos, lhe enfeitando com o caos de seus corações, fazem criações e destruições, tão volúveis como a Fortuna, fazendo ser confusa a dona Arte, lhe dando sensualidade e por vezes ao mesmo tempo do oposto. Sendo difíceis de entender-se, como se toda a lógica tende-se a ruir, colapsar e se desestabilizar, rodopiando nas confusões dos corações de seus devotos, estando diante desta dona Arte um corpo fantasmagórico e sem consistência.